domingo, 31 de dezembro de 2023

PEQUENOS SALVAMENTOS


observo todos os sinais
folhas que caem no exato momento
em que estou passando
abelhas que pousam sobre a minha mão
bilhetes que encontro na poltrona do ônibus
frases soltas nas paredes dos banheiros

tudo me diz do futuro
no entanto me sinto
cada vez mais despreparado
como se a vida quisesse
me pegar desprevenido

como se a vida quisesse
me mostrar que é feita
desses sustos cotidianos
que eu chamo de
pequenos salvamentos

*

hoje uma flor da minha orquídea
caiu sobre um livro de poemas
e eu soube, naquele instante,
que era preciso me abrir à alegria

(Wendel Valadares)



O poema nasceu desprevenido, inaugurando novas alegrias.
A orquídea foi presente dos meus amigos Alê, Jaya e Pam. 
Então, é pra eles este poema.

2 comentários:

  1. Reler aqui, namorar a imagem, resgatar os processos, relembrar que nos impulsionamos, nos acolhemos, nos seguramos. Reafirmar a sorte dos encontros, a magia em preservá-los, a felicidade em permanecermos e continuarmos. Isso tudo acorda em mim coisas só boas. Obrigada, amigo, por estar. Amo você.

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  2. Nessa magia dos detalhes, nos debulhamos. É interessante toda essa teatralidade franca, tão verdadeira, pelas quais viramos refém. A vida tem desses momentos, que parecem botes de salva-vidas bordados à mão. Deus segura nossas mãos em cada momento desses. São epifanias sublimes.

    Lindo poema, amigo.

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