Os pardais são teologais.
Testam minha paciência
e zombam da minha
covardia humana.
São antropofágicos os pardais,
devoram meu coração de menino
aprisionado nessa escultura
de carne e sonhos.
Seus voos rasantes e certeiros
atingem em cheio meu ego.
Tenho sonhado com asas,
mas meus pés insistem em
se arrastar, querem sentir
o gosto da terra.
Ó deus, é tão difícil existir
e ainda assim é tão bom.
Quase não tenho pensado
em salvação, mas se
pelo menos houvesse consolo,
se houvesse compreensão...
Os pardais testam minha paciência
porque estão livres e
eu não estou.
(Wendel Valadares)
Os pardais também me testam, então.
ResponderExcluirLindo poema!
Por vezes pareceu-me uma oração pela beleza sincera. Um abraço querido Wendel.
ResponderExcluirARRASIANE!!!!!
ResponderExcluirEsse entrou pra lista restrita dos meus poemas preferidos. Nossa, que coisa mais linda, amigo. Queria que não acabasse. Existir é tão isso que você falou. E essa coisa da liberdade.
Obrigada por esse presente.
Beijo grande.