sexta-feira, 6 de julho de 2018

DE UM JEITO OU DE OUTRO

"Ninguém pra dizer quando eu devo parar
Ninguém na casa pra poder acordar
Do meu lado
Ninguém pra contar novidades
Ninguém pra fechar as cortinas
Ninguém pra brigar de vez em quando..."
~
(Pra ninguém - Capital Inicial)
Composição:Alvin L 


Imagem: © Kyle Thompson


Caminho pela casa escura 
tateando paredes e móveis.
Minhas mãos vão inaugurando
um caminho através das sombras: 
[percorro países inteiros].

Meus passos fazem barulho,
mas ninguém entende a direção em que sigo. 
Ninguém escuta minha respiração pesada.
Ninguém sabe dos meus pensamentos 
que caem e se quebram no chão feito vidro. 

No quarto a cama, que já ganhou 
o contorno do meu corpo,
permanece vazia. 
[ ainda estaria vazia
se nela eu estivesse deitado].

A madrugada se adensa - dentro e fora.
O vento, estático, 
paralisa também o meu peito
[não é fácil não morrer].

São quase cinco da manhã
de um dia que não foi inventado 
e eu ainda não sei como existir
[não é fácil não viver].

(Wendel Valadares)

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