quarta-feira, 30 de agosto de 2017
MADALENAS
Pousada na janela do sobrado
a mulher observa o mundo.
Obra inacabada de Da Vinci,
quase Monalisa, não fosse
o olhar fatigado,
a pele enrugada,
uma alegria triste.
Obra perfeita do artista supremo,
miscelânea de fé e fome,
sem sorte, só sonho.
Ana, Maria, Teresa, não importa,
Senhora do Tempo.
Segura as lágrimas
porque a vida pede mais.
Ela não sabe,
mas sua dor sustenta o mundo.
(Wendel Valadares)
Poema escrito diante da beleza desse postal da Bahia, que recebi da minha amiga Paula Barbacena!
terça-feira, 29 de agosto de 2017
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
CARTA PARA A.
Imagem: © Joel Robison
Querido A.,
hoje é domingo e, depois de tanto tempo, resolvi fazer um bolo de cenoura.
Talvez você se pergunte: - o que há de especial nisso?
Eu não sei dizer o que há de especial em fazer um bolo de cenoura, mas sinto que alguma coisa está acontecendo dentro de mim. E eu tenho precisado muito dessas 'acontecências'.
De um tempo pra cá tenho tentado olhar as coisas com mais brandura.
Outro dia, quando chegava do trabalho, flagrei duas lagartixas juntinhas na parede tomando sol, colhendo o restinho da luz que se deitava no horizonte. Achei tão bonitinho e logo lembrei da Adélia: "quanto jeito tem de ter amor".
É isso, tenho descoberto novos jeitos de ter amor.
E então eu pensei que fazer um bolo de cenoura era também um jeito de ter amor por mim. E pode ter certeza de que vou caprichar na cobertura de chocolate.
Amigo, eu nem tenho muita coisa pra dizer, só queria contar do bolo e acabei falando de lagartixas e de amor. Mas saiba, contar sobre o bolo é também um jeito de dizer que penso em você. E que, qualquer dia desses eu faço um bolo pra gente comer junto. E você faz o café, pode ser?
Te abraço enorme.
Com afeto,
Wendel
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