sexta-feira, 7 de agosto de 2015

CARTA PARA L.

                                    Imagem: © Achraf Baznani

Querida L.,

perdoe meu recolhimento, sei que você esperava uma palavra amiga nesse seu momento difícil, mas tenho me sentido tão pequeno, tão inútil, tão incapaz de lhe socorrer, de lhe estender a mão, por isso preferi me esconder. Parece que perdi o sentido das coisas, da vida, de tudo. E você sabe que não consigo prosseguir sem sentir, você sabe que só a razão não é suficiente para me fazer ir adiante, você sabe que eu preciso da essência de cada coisa para me sentir inteiro, para me sentir vivo. 
Falamos tanto em "viver a vida" e estamos sobrevivendo, cultivando a infelicidade em canteiros que deveriam estar repletos de flores e esperanças e sonhos. Já fomos exímios jardineiros, você se lembra? Éramos primaveris, florais, alegres. É tão doloroso saber do sol lá fora e sentir o frio se alojando no peito. Quanto tempo durará nosso inverno?
Sabe L., às vezes dá uma vontade enorme de abandonar tudo e voltar pra casa, você não tem? Mas tenho tanto medo. Já fiz tantas escolhas erradas, já tive que recomeçar tantas vezes. Sei que você me entende, porque também já teve que voltar atrás, também já teve que recomeçar. 
Minha amiga, a vida não tem sido generosa conosco, mas Deus há de nos recompensar, eu acredito nisso. Você acredita? 
Embora estejamos distantes - fisicamente - não vamos nos abandonar, não vamos nos perder. Vamos recomeçar juntos, minha amiga, um ao lado do outro, um sustentando o outro. Vamos minha amiga, nos reerguer mais uma vez, como tantas vezes já fizemos, vamos plantar novas sementes em nossos corações e trazer de volta a primavera. 
Sei que tantas vezes o seu coração se sente só, mas não está! Nossa amizade é ininterrupta e, às vezes, dispensa palavras. Mesmo em silêncio há abrigo e compreensão pra você aqui!

Te quero um bem que você nem imagina. 

Amo-te. 

W. 


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