segunda-feira, 8 de junho de 2015

EFÊMERO



Meus braços não têm raízes,
voam através do tempo,
muitas vezes sozinhos.
Não têm paredes nem teto,
embora sirvam de abrigo.
Meus braços não têm armaduras,
são fortes, mas estão expostos
e carregam feridas.
Não têm inteligência os meus braços,
mas sentem que nem todo abraço
é permanente.
Se estão aptos a acolher,
também devem estar prontos
a deixar ir.
E me ensinam, diariamente,
que é preciso celebrar até mesmo
o que é passageiro.
Meus braços estão abertos,
mas não podem abraçar o mundo.

(Wendel Valadares)



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