domingo, 17 de fevereiro de 2013

DO QUE PODERIA TER SIDO


Naquele dia, como nunca antes havia feito, ele parou para observar a beleza de sua amada. 
Emprestou o seu tempo e repousou os olhos sobre ela.
A olhava com ternura, com candura, com espanto. 
Um sorriso tímido lhe incorria e se misturava ao gosto do sal. Ficara liquido.
Respirou fundo, fez o gesto de quem queria falar algo, mas o silêncio insistiu e foi mais forte,
mais corajoso do que ele.
Ela chegou mais perto. Deu-lhe um sorriso meio triste, tocou o seu rosto e só. 
Enquanto ele, inquieto, parecia se engasgar com as palavras.
Estavam mudos, petrificados. perdidos de si mesmos.
Ele tentou, ele bem que tentou.
-Eu...
-Você ? Exclamou ela, se enchendo de expectativas, seu rosto enrubescido.
Ele abaixou a cabeça, o coração já estava no chão. Mais silêncio.
Ela continuava ali, a lhe fitar os olhos, a fiar esperanças.
Ele tentou, como se fosse a última vez. E foi.
Ela não se conteve, desaguou em palavras e lágrimas. 
Escancarou o seu coração e fez fluir um rio de sentimentos. 
Ele se afogou. Não sabia nadar nesse imenso e vasto mar. Mar de amor.
Ela virou-lhe as costas e saiu caminhando vagarosamente.
Infelizmente, um amor não sobrevive de fraquezas.

(Val Santiago & Wendel Valadares)

Val Santiago é Cearense, amante das palavras e escreve aqui: Alma Sussurrante

2 comentários:

  1. E nem às vezes de franqueza, por mais que seja triste dizer isso.
    Belo texto que diz bem a sinuosidade das atrações e o quanto elas sofrem no enlace. Quando não encaixa, tudo segue para caminhos opostos...

    Belo texto meu caro.

    Já que és amigo da Editora Penalux, achei o teu blog no perfil do teu face. Muito bom seu blog.

    Se quiser deixo o convite para conhecer o meu.
    Abraço!

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