segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

"APERTAMENTO"




Coração miudinho. Têm dias que a gente fica bobo e escuta mais o medo do que a coragem, mais a tristeza do que a alegria, mais a crueza dos dias do que o sonho. E aí a gente vai esquecendo a força, a alegria, a esperança, a vontade. 

Coração miudinho. Têm dias que a gente nem sabe mais o que ama, nem sabe mais que se ama. A gente esquece quem é, esquece que têm nome, esquece que têm importância. 

Coração miudinho. Têm dias que a gente não quer levantar da cama, quer passar direto pro dia seguinte, porque o desânimo acordou primeiro que a gente e foi tomando conta do espaço, da situação, do dia inteiro. 

Coração miudinho. Têm dias que a fé parece estar enfraquecida, a gente nem sabe rezar, porque o aperto parece ser mais forte que a gente.

Coração miudinho. Têm dias que as palavras invadem os silêncios, mas não falam nada com nada, apenas fazem barulho, apenas impedem que a gente absorva o momento, absorva o instante. 

Coração miudinho. Têm dias que o silêncio toma o lugar das palavras e a gente precisa dizer alguma coisa pra se libertar, mas não consegue, não sabe, não tem voz.
Coração miudinho. Têm dias que faz frio aqui dentro e o coração encolhe todo, porque músculo se retrai quando faz frio.

Coração miudinho. Têm dias que a gente tá cercado de gente e se sentindo sozinho, abandonado, invisível.

Coração miudinho. Têm dias que a gente esquece o bem que já fez, o bem que faz e se sente insignificante, se sente inútil, se sente peso desnecessário.

Coração miudinho, esperando qualquer calor, qualquer afago, qualquer palavra que traga fogo, que traga luz, que traga o brilho interior. 

Coração miudinho, cansado de procurar, esperando ser encontrado pelo amor.

(Wendel Valadares)


2 comentários:

  1. Quando apertado, o que vem depois conforta, desdobra, abraça.
    beijos.

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  2. Um carinho assim, feito esse...

    Obrigado minha flor...

    bjus tantos...

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