domingo, 8 de julho de 2012

Estação de Julho


Há dias estou diante dessa página em branco, tentado, matutando, me forçando a escrever alguma coisa, que mais tarde venha fazer algum sentido. Os pensamentos se atropelam num congestionamento extenso de sugestões. Estou sensível, sensibilizado, afetuoso e tudo mais que implique sentimentalismo. Tudo isso porque é Julho. Tudo isso porque se aproxima uma data que ano após ano me deixa num estado um tanto quanto incomum, fico mais emotivo que o costume. Estou prestes a completar 25 anos e a trilha sonora que escolho pra me acompanhar nessa data, foi imortalizada no voz da sempre perfeita Elis Regina: “Ontem de manhã quando acordei, olhei a vida e me assustei. Eu tenho mais de vinte anos e eu tenho mais de mil perguntas sem respostas...” (20 Anos Blue).
Tantos questionamentos, tantos almejos trocados por utopias, atropeladas por porções avassaladoras de realidade. Crescer dói e dor implica aprendizado. Ó meu Deus, é um circulo vicioso imprescindivelmente necessário.
Ao longo desses vinte e cinco anos de vida muitas pessoas foram incorporadas à minha personalidade, trazendo um cadinho de essência, que é tão fundamental nessa troca de afetos e bem querências que tão maravilhosamente denominamos “Amizade”. Tantas pessoas vieram com suas verdades, suas histórias, suas levezas e seus pesos, que por hora, até achei fosse um porto onde apenas eram possíveis as chegadas e, quando percebi que também era feito de partidas, algumas pessoas já se haviam ido. Sofri, sofro, sofrerei demais. Fiquei tão acostumado às chegadas que esqueci de me preparar para as despedidas.
Poucas pessoas partiram, algumas por que foi preciso, outras por não terem escolha e, até mesmo por não se adaptarem, não se encaixarem no contexto que eu tinha para oferecer.
É doído ver alguém que você tanto gosta indo embora, dando adeus, deixando apenas a ausência. É doloroso porque temos essa capacidade de nos acostumarmos com o jeito de ser de cada um, temos essa capacidade mística de criarmos afinidade com pessoas que compartilham suas histórias conosco e, afinidade não é deste mundo.
Tenho refletido muito sobre a minha presença na vida das pessoas. Qual o lugar que ocupo no coração das pessoas que “supostamente” eu cativei, se é que eu as cativei de verdade. Qual o tamanho da minha importância na vida das pessoas que me gostam. Será possível calcular essas medidas?!
Vivemos numa sociedade tão rotulada, que os sentimentos foram se camuflando para não serem reprimidos. O materialismo, a superficialidade, a facilidade de conseguir tudo foi tomando o lugar do afeto, do respeito, da simplicidade. As pessoas se limitam no sentir, no gostar, porque perderam a capacidade de acreditar na bondade das pessoas, e com razão. A sociedade não nos ensina a sermos bons, a própria sociedade nos desacredita. Ser bom nos dias atuais pressupõe uma coragem e uma disposição que poucos possuem, ou admitem possuir. É difícil ser bom, dá medo, insegurança. Isso porque a bondade é confundida com qualquer coisa que não seja ela.
Não é que tenhamos nascido na época errada. É só que a época errada não nasceu em nós e, oxalá seja abortada dos nossos ventres.
Gosto de me emprestar ao tempo e fazer esse tipo de reflexão. Gosto de refletir, de tentar me encaixar no contexto de uma maneira mais justa, mais acomodada.
Diante de tantas indagações, reflexões, utopias e outros intentos, só posso terminar este texto com uma prece. Ou seria um agradecimento? De qualquer maneira, uma oração.
Meu Bom Deus, obrigado pelo Dom da minha vida e pela sensibilidade que hoje habita o meu coração e o meu olhar. Obrigado pelo meu sorriso, pela possibilidade de sorrir novamente. Obrigado pelo sonho, pelo desejo, pela vontade. Obrigado pelas pessoas que entram na minha vida e obrigado também pelas que saem.
Que os meus olhos não se cansem de ver a beleza de cada pessoa, a beleza da vida, a beleza do amor, a beleza da amizade. Que o meu coração não se feche, que eu jamais deixe de acreditar que as pessoas podem ser boas, podem ser melhores.
Que haja sempre essência nas minhas palavras e nas minhas ações. Que eu saiba transbordar bondades e que eu seja leve na vida das pessoas. Senhor, que eu faça diferença no mundo, que eu seja sempre encanto e que eu me encante sempre com os pequenos detalhes.
Meu Jesus, obrigado pela minha vida, pela possibilidade de escolher o meu próprio caminho.
Que o meu coração seja sempre doce e que o mundo respeite meu jeito de ser!
Amém.


Um comentário:

  1. QUE BELA SUA REFLEXÃO FIOTE QUE TU JAMAIS PERCA A SENSIBILIDADE DIANTE DE TODA INSENSIBILIDADE HUMANA,QUE A CADA REFLEXÃO ENCONTRE OS PONTOS DE AMADURECIMENTO QUE A VIDA PROPÕE,QUE A SAUDADE DO QUE SE FOI LHE SIRVA PRA "APROVEITAR" O QUE AINDA SE TEM,QUE O AMOR LHE SEJA BASE PARA ENCARAR OS DIAS MAUS E QUE A POESIA LHE SIRVA SEMPRE DE APOIO QUANDO OS DIAS NÃO FOREM DIAS,FINALIZO AGRADECENDO A DEUS POR SUA ESSENCIA QUE CATIVA E SE ALICERÇA NA VIDA DAQUELES QUE ESSENCIALMENTE PODEM MAIS DO QUE TE VER,TE SENTIR...QUE VENHA MAIS UMA COMEMORAÇÃO DIANTE DA CELEBRAÇÃO DE SUA VIDA =)...

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