quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Martírio

Por que as rosas murcham, as puras,
Exauridas de uma beleza imortal.
Sofrem a duras penas
O simples ato de desabrochar.
Simples, disse eu? Como é complexo.
Hão de enfrentar podas e invernos,
Calor e frio suportam tímidas as roseiras,
Ornadas de uma coroa de espinhos virtuosos.
Maturam ao sabor do vento,
Colhendo a água da terra infértil
E explodem por não saberem mais se conter.
Pétala por pétala, vão ganhando expressão,
Vão resplandecendo suas cores viris
E imortalizando-se ante os olhos admirados.
Mas elas murcham, se despetalam,
Entregam-se às consequências do tempo,
Gastam toda a sua beleza de uma só vez,
Não se guardam para si, dão-se plenamente.
Feito o cristo murcho na cruz, gastado de dores,
Dado todo a nós, incondicionalmente,
Despetalando-se em sangue e água,
Encarcerado ao caule da Santa Cruz,
Sofrendo as podas e os invernos,
Colhendo o sulco divino do céu.
E a rosa despenca da roseira,
E o cristo renasce glorioso,
É a rosa da eternidade.

(Wendel Valadares)


Um comentário:

  1. achei uma comparação fantastica já que nas proprias dores do Cristo há algo sublime,não há só a tristeza pela dor,há um ciclo natural de algo sublime que se cumpre,o que por muitas vezes o martirio do Cristo é belo,há uma entrega,uma intensidade ao viver aquilo pelo qual se veio a vida assim como a flor que passa por essa transformaçao dando se toda para ser flor...

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