sexta-feira, 30 de março de 2012

O poeta ficou cansado

A alegria tão costumeira da sexta-feira
Foi tomada de súbito por uma tristeza indivisível,
De um velório de quem ainda não morreu.
O dia está denso, escuro, enquanto o sol brilha forte,
O calor faz frio, na alma, no peito, na mente.
Ah, quem me dera poder expressar na face
Os intentos e os sentires do meu coração
E deixar transparecer a minha essência,
Pura, límpida, tal qual ela é.
Haveria choro no meu sorriso
E riso no meu pranto.
Um sentimento nostálgico triste e feliz
Movimenta-se dentro em mim
Enquanto eu me estanco nessa terra infértil
Poluída de indiferenças e egoísmo.
Queria ouvir uma palavra bonita, gentileza!
Estou sujo, mas qualquer gota de afeto
Me lava por inteiro e me renova.
Não quero mais me consolar sozinho
E derramar meu lamento no meu próprio ombro,
Já que eu me acho tão amável
Haverá alguém capaz de compreender os meus exageros
E me estender o braço e o corpo inteiro.
Quero um amor, quero um amigo, quero um irmão,
Só não quero mais ser só.

(Wendel Valadares)

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