domingo, 11 de março de 2012

Choro Guardado

Tenho um choro engasgado,
Que por ora até acho que comi espinha de peixe.
Um nó na garganta daqueles que nem deixam beber água,
E tem horas que esse nó me sufoca até a pontinha do fígado.
Preciso por em dias os meus choros.
Meu tempo finito se esvai feito folha solta no vento
E tenho dívidas a acertar com o destino.
Meu riso bom de todo dia não anda a saldar meus débitos,
Quem é que vai me cobrar essa conta no dia do acerto?
Ó Deus, ó Pai, olha pra mim com olho de mãe preocupada.
E vê que choro com sorriso na boca.
Tive que virar homem velho pra conseguir comer
E homem velho não chora na rua.

(Wendel Valadares)

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