segunda-feira, 12 de março de 2012

Canto para encontrar o amor

Cessou-se o canto, findou-se o pranto
E a dor de outrora é leve palha do acaso.
Veio a morte envolta em sutilezas
E ofereceu-me sua seda sedutora,
Vesti-a e não a pude mais tirar,
As medidas eram tão exatas,
Quanto os sonhos que calei sozinho
E os risos que guardei pra mim.
Não há choro que comova meu corpo,
Estático, exótico, exaltado,
Não há lamento que me alente a vida,
Nem meu sopro eu tenho mais.
Resta-me, pois seguir a barca perene
E adentrar onde me cabe.
Lanço mão do meu olhar sedento
E rogo a mim copiosa compaixão.
Que me caiba uma estadia eterna,
Diante do Pai das Misericórdias.
Pecador eu o sou desde o ventre,
Basta-me apenas contar com o amor.
Esta chama que me arde as entranhas,
Esta saudade da não saber de onde vim,
Essas mãos de estender para o outro,
 E estes pés de levar compaixão.
Esta mente perversa e pervertida,
Que me aporrinha antes de adormecer,
Que me comove e me arrepende
E me faz arrepender.
É este o amor que tenho
E ele que clamo a mim.
Não me deixe padecer sofrimento,
Esta vida sofredora
Por si só é um mar de angustias.
Ó Deus, Vós sois o amor,
Seja-me nesta hora em que o invoco,
Para que eu também o seja
E amor sejamos.

(Wendel Valadares)

Um comentário:

  1. eis que o senhor ouve o clamor daquele que o invoca,que não percais o amor e a fé diante do simples que Deus nos oferece todos os dias afim de que o deserto venha logo se florir...

    Ps: simbora nego a vida nos chama a ir além...

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