Poema de gente simples
Quando nasci um anjo alegre,
Desses que cantarolam nas nuvens
Disse: Vai escrever poesia.
Coisa já esquecida nesses dias mornos.
Oficio de gente culta, graduada,
Tentaram criar regras e domesticar a escrita.
Eu não, pulei cerca e dancei na chuva,
Comi manga verde e tomei leite,
Nem de morte eu lembrei.
Dei risada até doer a barriga
E contei causo de assombração só pra fazer medo.
Minha obrigação é de ser feliz.
Escrevo sem fazer uso dos bons termos,
Palavras difíceis não cabem na minha boca.
Aceito de bom grado as rejeições,
Ser simples não é pra qualquer um.
Tem gente pagando pra ficar cego;
Eu não. Eu vejo até de olhos fechados.
(Wendel Valadares)
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